sexta-feira, 19 de junho de 2009

Unidade 10 Trabalhando com gêneros textuais

Atividade 2 TP3 Gênero literário e não-literário página 59

Texto: Lavadeiras de Moçoró (Carlos Drummond de Andrade)
As lavadeiras de Moçoró, cada uma tem sua pedra no rio; cada pedra é herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas no tempo. As pedras têm um polimento que revela a ação de muitos dias e muitas lavadeiras. Servem de espelho a suas donas. E suas formas diferentes também correspondem de certo modo à figura física de quem as usa. Umas são arredondadas e cheias, aquelas magras e angulosas, e todas têm ar próprio que não se presta a confusão.
A lavadeira e a pedra formam um ente especial, que se divide e se unifica ao sabor do trabalho. Se a mulher entoa uma canção, percebe-se que a pedra a acompanha em surdina. Outras vezes, parece que o canto murmurante vem da pedra, e a lavadeira lhe dá volume e desenvolvimento.
Na pobreza natural das lavadeiras, as pedras são uma fortuna, jóias que elas não precisam levar para casa. Ninguém as rouba, nem elas, de tão fiéis, se deixariam seduzir por estranhos.
(retirado de Contos Plausíveis)

“...cada pedra é herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta,...” com essas palavras, o autor nos fala da hereditariedade das pedras do rio,como se elas fossem um complemento do lar, uma identidade da família. Tanto é assim que as lavadeiras descritas pelo autor: gordas, volumosas ou magras, retas, esguias, correspondem à descrição das pedras: arredondadas, cheias, outras magras e angulosas. Demonstrando-nos que uma é o espelho da outra. Elas se formam, se unificam. O tempo é o fator relevante para que haja interação e cumplicidade entre as duas. Embora tenham massa corpórea diferente, elas se complementam e se respeitam como nesse trecho: “Se a mulher entoa uma canção, percebe-se que a pedra a acompanha em surdina. Outras vezes, parece que o canto murmurante vem da pedra, e a lavadeira lhe dá volume e desenvolvimento.”
Mesmo que esse texto apresente a forma em prosa, é um texto literário, porque utiliza uma linguagem prazerosa. As palavras foram empregadas em sentido figurado, escritas com emoção como em algumas expressões: “vão passando as águas do tempo; servem de espelho; ente especial; canto murmurante, as pedras são uma fortuna, jóias...” e entre outras mais. Se o autor não tivesse usado “imagens”, tivesse usado outras palavras para falar sobre o trabalho das lavadeiras de Moçoró, o texto deixaria de ser literário, porque perderia o encanto. O leitor perderia a liberdade de imaginar, porque, antes, fora seduzido pelas palavras conotativas, prazerosas. Então, o texto passaria a ser informativo, relataria apenas o trabalho difícil, frio das lavadeiras do rio Moçoró.

Um comentário:

  1. Excelente trabalho... como é bom trabalhar com você... muito dedicada... parabéns

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